Em resumo, o transtorno de personalidade borderline é uma doença mental que faz parte do grupo de patologias mentais conhecido como transtornos de personalidade. Assim como outros transtornos de personalidade, o borderline é caracterizado por um padrão consistente de pensar, sentir e interagir com os outros e com o mundo, que tende a resultar em problemas significativos para o paciente.
Especificamente, o TPB como também é chamado, está associado a um padrão de formas instáveis de ver a si mesmo, sentir, se comportar e se relacionar com outras pessoas que interfere acentuadamente na capacidade de funcionamento do indivíduo.
Dadas as características e sintomas semelhantes a outras doenças mentais, a grande maioria das pessoas com borderline são comumente diagnosticadas erroneamente com depressão. Pensando nisso, é importante saber exatamente o que é o transtorno, quais são os fatores de riscos, causas, sintomas e como identificar uma pessoa com o transtorno de personalidade borderline. Para isso, leia este artigo até o final!
O que é Borderline?
Resumidamente, o transtorno de personalidade borderline trata-se de uma coleção de traços de personalidade mal adaptativos associados a extrema instabilidade emocional, desregulação do autocontrole e problemas interpessoais.
Esses traços de personalidade desadaptados são relativamente estáveis ao longo da vida, podendo ocorrer em uma parcela da população, interferindo no funcionamento social, ocupacional, cognitivo e relacional.
Basicamente, somos afetados por vivências que nos despertam diversos tipos de emoções, uma pessoa com borderline vai de uma emoção a outra com muita facilidade e com tanta intensidade que muitas vezes, é encarada como desproporcional. Vamos entender mais adiante:
Como identificar: Principais características do borderline
No geral, pessoas diagnosticadas com o transtorno borderline experimentam grandes mudanças de humor, sendo bastante instáveis e inseguras. De acordo com a estrutura de diagnóstico, alguns dos principais sinais e sintomas incluem:
- Mudanças de humor: vão de intensa felicidade à irritabilidade em pouco tempo;
- Sentimento de vazio: experimentam sentimentos constantes de solidão e vazio.
- Raiva intensa: perdem a paciência com frequência, que normalmente acabam em brigas físicas.
- Medo: possuem um medo profundo de abandono a ponto de tomar medidas extremas para evitar uma separação real ou percebida.
- Comportamento imprudente e impulsivo: como sexo inseguro, direção imprudente, jogos de azar ou gastos excessivos.
- Auto sabotagem: são pessoas que podem sabotar o sucesso deixando um bom emprego ou terminando um bom relacionamento.
- Sentimentos dissociativos e pensamentos paranóicos: são sentimentos comuns e normalmente estão relacionados ao estresse.
- Intenções suicidas: a auto depreciação, o medo do isolamento e o estado emocionalmente instável dos pacientes com borderline podem levá-los a tentar o suicídio. Aqui vale destacar que algumas tentativas podem ser falsas a fim de atrair a atenção, mas outras podem ser reais. Então, vale a pena ficar de olho e comunicar o médico que o está acompanhando.
Considerando todos estes aspectos, pessoas diagnosticadas com borderline possuem uma grande dificuldade em controlar sua raiva, sendo que na maioria das vezes se tornam inadequadas e intensamente irritadas.
Normalmente, demonstram sua irritabilidade com sarcasmo, amargura ou falação irritada. Toda essa irritabilidade é geralmente direcionada ao cuidador ou amante, por “interpretar” que este esteja sendo negligente ou o abandonando. É frequente também, após uma explosão, sentirem culpa ou vergonha.
Vale destacar que pacientes diagnosticados com borderline também podem sentir empatia e cuidar de uma pessoa, mas somente se eles acharem que essa outra pessoa está ou estará disponível para eles sempre que eles precisarem.
Principais causas e fatores de risco do borderline
As causas e os fatores de risco para o transtorno de personalidade borderline ainda não são muito claros. Entretanto, para alguns especialistas, o transtorno pode ocorrer devido a uma predisposição genética.
Enquanto outros sustentam que experiências emocionais como: enfrentar uma doença, morte, sofrer de abuso psicológico ou sexual, entre outros, podem contribuir para o desenvolvimento desta síndrome.
Embora ainda não exista uma causa específica para o TPB, entende-se que ele é resultado de uma combinação de predisposições biológicas, formas de compreensão do mundo e estressores sociais (modelo biopsicossocial).
Diagnóstico e tratamento
Em síntese o transtorno borderline pode ser difícil de diagnosticar e tratar. Isso porque não há exatamente um exame médico definitivo para diagnosticar o borderline. Além disso, o diagnóstico não é baseado em apenas um sinal ou sintoma específico, mas sim em um grupo de sintomas como os já relatados.
É importante destacar que qualquer diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde após uma entrevista clínica abrangente e avaliações anteriores.
Quanto ao tratamento, devido aos transtornos causados nos diversos papéis sociais do paciente diagnosticado com a patologia, o acompanhamento e tratamento deve ser feito por um psicólogo e um psiquiatra. Ambos os profissionais são importantes, mas somente o psiquiatra pode receitar medicamentos que atuarão na melhora do quadro clínico em geral.
Neste contexto, os membros da família são de suma importância na recuperação de um indivíduo, podendo trabalhar com o profissional de saúde e discutir as maneiras mais eficazes de ajudar e apoiar o familiar diagnosticado.
Certos tipos de psicoterapia também são eficazes no tratamento de transtornos de personalidade. Durante a psicoterapia, um indivíduo pode obter insights e conhecimento sobre o transtorno e o que está contribuindo para os sintomas, pode falar sobre seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.
A importância do acompanhamento médico de pacientes com borderline
Como vimos no decorrer deste artigo, o transtorno de personalidade borderline (TPB) é caracterizado pela instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e das emoções, bem como pela impulsividade em uma ampla gama de situações, causando prejuízo significativo ou sofrimento subjetivo ao paciente diagnosticado.
Considerando todos estes aspectos, é essencial o acompanhamento médico, para que a síndrome não se intensifique, provocando outras doenças ou episódios negativos.
Atualmente, o transtorno borderline é um dos transtornos de personalidade mais amplamente estudados. Entretanto, apesar destes esforços, os pacientes com borderline continuam a sofrer considerável aumento da mortalidade em comparação com a população geral.
Por isso, os pacientes devem falar com um profissional de saúde para obter informações completas sobre sua saúde, questões médicas e opções de tratamento, incluindo quaisquer riscos ou benefícios relacionados ao uso de medicamentos.
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