Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que no Brasil há cerca de 1,6 milhões de pacientes diagnosticados com esquizofrenia. Ainda de acordo com o MS, só no ano de 2020, o Sistema Único de Saúde realizou mais de 175 milhões de atendimentos de pessoas com o diagnóstico da patologia. Embora seja um número considerável, há ainda inúmeras dúvidas e mitos acerca do assunto. Pensando nisso, você sabe o que de fato é essa doença?
Em poucas palavras, a esquizofrenia é caracterizada como um transtorno mental crônico e incapacitante. Isso porque, o transtorno causa uma alteração cerebral que dificulta o julgamento correto do que é real, a produção de pensamentos simbólicos e abstratos, bem como a elaboração de respostas emocionais mais complexas.
Embora seja frequentemente confundida com um distúrbio de múltiplas personalidade, a esquizofrenia é um transtorno mental grave onde o paciente interpreta a realidade de forma anormal, podendo ou não ter alucinações, delírios, pensamentos e comportamentos completamente desordenados que prejudicam o seu discernimento, o incapacitando até mesmo para as tarefas mais corriqueiras do dia a dia.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a esquizofrenia acomete cerca de 24 milhões de pessoas ao redor de todo o mundo, resultando em uma proporção de 1 em 300 na população em geral e de 1 em 222 somente entre os adultos.
É importante ressaltar que ainda de acordo com a organização, a esquizofrenia tende a aparecer no final da adolescência e começo da vida adulta, portanto, é importante saber identificar os sinais a fim de proporcionar um tratamento adequado, diminuindo os danos causados à saúde do paciente pelo transtorno. Vamos conhecê-lo mais a fundo:
Sintomas da esquizofrenia
No geral, a esquizofrenia se manifesta de forma variada, deste modo, nem sempre é possível identificar os sintomas em sua fase inicial. De acordo com o que já se sabe, os sintomas da esquizofrenia nos homens costumam aparecer entre os 15 e 20 anos, enquanto nas mulheres são mais comumente a partir dos 30 anos de idade.
Entre os principais sintomas observados, destacam-se:
- Delírios
- Alucinações
- Alteração da efetividade, incapacidade
- Habilidade motora desorganizada ou anormal
- Desconfiança excessiva
- Distúrbios cognitivos, como: alteração do pensamento, raciocínio abstrato, desatenção, incapacidade na tomada de decisão, linguagem afetada etc.
- Distúrbios mentais, como: apatia, indiferença, falta de motivação, falta de prazer, ansiedade, depressão etc.
Além dos sintomas descritos, a grande maioria dos pacientes com esquizofrenia costumam apresentar psicose. Neste contexto, os episódios de psicose geralmente ocorrem no momento de crise, onde o paciente apresenta alterações comportamentais por conta das lesões cerebrais que o quadro agudo da doença provocou.
Vale destacar que a esquizofrenia, normalmente evolui em episódios agudos onde podem surgir vários dos sintomas simultaneamente. Sobretudo, delírios e alucinações intercalados por períodos com poucas ou nenhuma manifestação.
Sintomas em adolescentes
Embora sejam poucos os casos de adolescentes diagnosticados com esquizofrenia, normalmente, apresentam sintomas semelhantes aos adultos. Entretanto, são mais propensos a ter alucinações visuais e menos propensos a ter delírios.
Em adolescentes com esquizofrenia, estes frequentemente demonstram:
- Pouca socialização com amigos e familiares
- Queda no desempenho escolar
- Problemas e dificuldade para dormir
- Irritabilidade
- Humor deprimido
- Sentimento de incapacidade, incompreensão
- Apatia e falta de ânimo
Como alguns dos sintomas descritos acima costumam ser comuns durante o desenvolvimento típico da adolescência, a esquizofrenia nesta faixa etária costuma ser muito mais difícil de se diagnosticar.
Outros sintomas
Além de todos os sintomas já descritos, em determinados tipos e nível de gravidade, pacientes com esquizofrenia podem apresentar sintomas como:
- Não demonstrar emoções ou ser apáticos emocionalmente
- Manter expressões faciais inalteradas
- Possuir fala monótona e sem adição de quaisquer referências que dão ênfase ao estado emocional
- Falar menos ou ter a fala prejudicada de algum modo
- Ser negligente com a higiene pessoal
- Não ter interesse em atividades cotidianas
- Evitar o contato social a todo o custo
- Ser incapaz de sentir prazer
- Não sentir empatia, nem por aqueles que ama
Causas e fatores de risco da esquizofrenia
Atualmente, ainda não se conhece exatamente todos os mecanismos cerebrais que podem causar os sintomas da esquizofrenia. Entretanto, sabe-se que se trata de uma doença química cerebral devido a alterações nos neurotransmissores e vias neurais cerebrais.
Segundo o que se sabe, há uma combinação de fatores genéticos, ambientais e alterações neuroquímicas que podem desencadear o transtorno.
Quanto aos fatores genéticos, parentes de primeiro grau de um paciente diagnosticado com esquizofrenia possuem mais chances de desenvolver a doença do que a população em geral. Sendo este, um dos fatores de risco mais significativos.
Por sua vez, os fatores ambientais que podem resultar em sintomas da esquizofrenia envolvem: complicações durante a gestação ou pós-puerpério; infecções e demais doenças que afetam o desenvolvimento do sistema nervoso.
Já no quesito alterações neuroquímicas, estas estão relacionadas com substâncias químicas cerebrais, incluindo a dopamina e o glutamato neurotransmissores conhecidos. Também pode-se incluir nesta categoria, o uso de drogas psicoativas capazes de afetar e alterar a mente.
Tipos de esquizofrenia
É importante destacar que a esquizofrenia pode ser categorizada em diversos tipos, onde sintomas específicos se sobressaem mais em um tipo do que em outro. Entre alguns dos tipos de esquizofrenia, há:
- Esquizofrenia catatônica: neste tipo, o paciente apresenta uma gama maior de alterações posturais mantidas por longo período, bem como resistência passiva e ativa quanto a tentativas de mudar a posição do indivíduo.
- Esquizofrenia comum ou simples: mais comumente, pacientes que se enquadram neste tipo apresentam: delírios, alucinações, incapacidade, negligência com a higiene, progressivo prejuízo social e ocupacional. Vale frisar que normalmente estes pacientes tendem a adotar um estilo de vida “sem-teto” e vagar sem rumo pelas ruas.
- Esquizofrenia desorganizada: pacientes diagnosticados com este tipo, tendem a apresentar sintomas como pensamento desordenado e discurso desconexo.
- Esquizofrenia paranoide: considerada como uma das mais graves, deste tipo são predominantes os sintomas como alucinações e delírios, bem como a impossibilidade de distinguir realidade com ficção (a que criam e vivem em suas mentes).
Diagnóstico da esquizofrenia
Em resumo, o diagnóstico da esquizofrenia é feito por um médico psiquiatra a partir da análise dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente e/ou descrito por seus familiares. Atualmente, não há um exame laboratorial ou de imagem capaz de confirmar o diagnóstico do transtorno. Portanto, trata-se de um diagnóstico bastante complexo.
Considerando todos estes aspectos, o diagnóstico consiste em inicialmente descartar quaisquer doenças que possam atingir e comprometer de alguma forma o sistema cerebral do paciente. Além é claro da predominância e prevalência dos sintomas anteriormente relatados.
Tratamento para esquizofrenia
Infelizmente, a esquizofrenia não é uma doença curável, mas sim controlável. Deste modo, o tratamento consiste basicamente em controlar os sintomas e garantir que o paciente retome a sua rotina e volte a se relacionar em todos os aspectos da sua vida.
Para isso, há duas abordagens que costumam compor o tratamento, sendo elas: medicamentosa e psicossocial. O tratamento com medicamentos juntamente com a terapia psicossocial ajudam a controlar a doença.
Entretanto, durante os períodos de crise ou agravamento dos sintomas, a hospitalização pode ser adotada a fim de garantir a alimentação adequada, uma boa rotina de sono, a higiene básica do paciente, assim como sua segurança e a de seus familiares.
É importante, sobretudo, ressaltar que apenas um psiquiatra pode indicar qual é o medicamento mais indicado, qual a dosagem correta e duração do tratamento de acordo com cada caso.
Vale destacar que mesmo com a atenuação dos sintomas, de maneira alguma deve haver a interrupção do tratamento. Somente o médico responsável pelo tratamento poderá interromper ou substituir o tratamento. Todas as orientações devem ser seguidas à risca.
Como posso ajudar alguém que conheço com esquizofrenia?
Em virtude dos sintomas da esquizofrenia, um paciente diagnosticado com o transtorno nem sempre será capaz de identificar que há algo errado. Portanto, na maioria das vezes, são os familiares mais próximos que costumam perceber e buscar ajuda profissional.
Considerando estes aspectos, assim que identificados os sinais da esquizofrenia, ir a um especialista o quanto antes é de suma importância. Todavia, muito provavelmente haverá uma resistência do próprio paciente, logo, é preciso ter paciência e persistência.
Além disso, o cuidado e o apoio familiar é muito importante, mesmo que seja mais complicado, afinal de contas, dados aos sintomas, um paciente com esquizofrenia pode ser hostil, agressivo, fazer declarações estranhas, inventar histórias (que na mente deles são reais) e até mesmo fazer avanços e tentativas de agressão.
Com tudo, é importante entender que a esquizofrenia é um transtorno crônico, biológico e sem cura. Portanto, ambos (paciente e familiar) deverão aprender a lidar com a doença da melhor forma possível. Não abdicando do amor, respeito, empatia, solidariedade, gentileza e compreensão. Quanto mais seguro a pessoa com esquizofrenia se sentir, maior serão as probabilidades de ela manter o tratamento e menores serão os prejuízos para todos.
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